terça-feira, 25 de novembro de 2014

Os papéis temáticos e as funções sintáticas (Conteúdo 03)

CONTEUDO 03

O resumo foi elaborado pelos alunos Diego Barros, Tatiana Blumenthal e Willian de Sousa do Curso de Licenciatura em Letras - Português/Inglês, na UNIP, Campus Vergueiro, período noturno para a disciplina Morfossintaxe Aplicada da Língua Portuguesa ministrada pelo Prof.º Helcius Batista Pereira e coordenado pela Prof.ª e Dr.ª Joana Ormundo.

Os papéis temáticos e as funções sintáticas.
Os papéis temáticos são abordados como papéis semânticos por Perini quando ele ressalta uma importante questão para a descrição semântica da língua. Ele analisa estes papéis semânticos em contraposição às funções sintáticas e seus resultados quando observado o fato de um sintagma ser sujeito, atributo ou objeto direto.

Papéis Semânticos
“Esse termo se refere às relações de significado expressas pelas funções sintáticas em si, independentemente de seu preenchimento léxico.” (Perini, 2006. Pag. 260), ou seja, sabemos que cada sintagma será definido como agente, paciente ou instrumento de acordo com seu significado semântico e não necessariamente com função sintática.
Para exemplificar, observe a frase:

(1)  quebrou a garrafa com este martelo.

Em (1), é o sintagma nominal com a função de sujeito e com papel semântico de agente, pois é a entidade que provoca a ação denotada pelo verbo quebrar. O agente será sempre uma entidade animada ou humana.
A garrafa é o sintagma com função de objeto direto, mas com o papel semântico de paciente, pois é a entidade que sofreu a ação do verbo quebrar.
com este martelo é o sintagma com função de objeto indireto, mas com papel semântico de instrumento, pois é a entidade utilizada pelo sujeito pela qual a ação ocorre.
Há outros papéis semânticos existentes, entretanto não serão mencionados, pois a lista seria demasiadamente grande e não há estudos suficientes para dar conta de todos.
Embora pareça relativamente fácil identificar qual papel semântico determinado sintagma pode desempenhar, é importante ressaltar que não é sempre que isso ocorre. No decorrer do capítulo Perini demonstra que um sintagma com função sintática de sujeito, pode ter um papel semântico tanto de agente, quanto de paciente ou mesmo de instrumento. Observe:

(2)  Este martelo quebrou a garrafa.
(3)  A garrafa quebrou.

Em (2), Este martelo está em função sintática de sujeito, entretanto seu papel semântico permanece de instrumento, pois para ser agente, o sintagma deveria ser uma entidade animada, requesito semântico não preenchido por este elemento.
No exemplo (3), A garrafa também está em função de sujeito, porém seu papel semântico continua sendo de paciente, pois a garrafa é quem sofre a ação de quebrar.
O mesmo pode ocorrer com outros sintagmas em outras funções sintáticas. 

Conclusão
Podemos concluir então que é preciso levar em conta a semântica do verbo na oração. É o verbo quem definirá semanticamente quais requisitos são necessários para completar o seu sentido, tornando a oração aceitável ou não. Cada verbo exige ao menos um sintagma com papel semântico distinto. Neste capítulo, Perini analisa três verbos: quebrar, matar e come e chega à conclusão de que:
·         O verbo quebrar exige um paciente;
·         O verbo matar exige um agente ou instrumento;
·         O verbo comer exige um agente.

As formas de analisar a semântica e as exigências dos verbos são determinantes para entender como funcionam as relações sintáticas e os papeis semânticos nos sintagmas nas mais diversas orações. Pelo fato de a língua portuguesa ter uma grande quantidade de verbos, estudos se fazem necessários para uma pesquisa mais profunda, já que atualmente, segundo Perini, esta área ainda carece de maiores estudos e pesquisas.

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