sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O uso de verbos modais na narrativa literária inglesa

O plano de aula foi elaborado pelos alunos Diego Barros, Erika Costa, Roseli Runho e Willian de Sousa do Curso de Licenciatura em Letras - Português/Inglês, na UNIP, Campus Vergueiro, período noturno para a disciplina Literatura Inglesa - Prosa ministrada pela Prof.ª Cielo G. Festino e coordenado pela Prof.ª e Dr.ª Joana Ormundo.

APRESENTAÇÃO

O uso de narrativas literárias no ensino de língua inglesa apresenta muitas vantagens e mostra-se de suma importância no desenvolvimento crítico do aluno em ambiente escolar pois, segundo Festino em A Estética da Diferença e o ensino das literaturas de língua inglesa (Gragoatá. Niterói, n. 37, p. 312-330, 2. Sem. 2014) nos aproximamos do Outro por meio das narrativas literárias.  Realizando a leitura crítica de tais narrativas literárias podemos nos comparar e entender melhor as diferenças do outrem com as nossas. O seguinte plano de aula busca apresentar como um trecho da obra JANE EYRE de Charlote Brontë pode apresentar material de discussão crítica simultaneamente com aprendizado e prática das quatro habilidades essenciais de língua inglesa: Reading, writing, listening e speaking.

ATIVIDADE: PLANO DE AULA
Nome: O uso de verbos modais em narrativas literárias.
Série: 1º ano do Ensino Médio
Duração: 1 aula
Local: sala de aula padrão.
Disciplina: Língua Inglesa.
Objetivo Geral: promover a compreensão da língua inglesa através de narrativas literárias visando a aproximação do aluno as leituras com textos originais de literatura inglesa.
Objetivos Específicos: uso do verbo modal CAN sobre habilidades; leitura e discussão crítica do papel da mulher da época em contraposição com a atualidade; produção de texto.

METODOLOGIA
Warm up: Discussão. (05-10 min)
Pergunte: “Você já leu algum clássico literário de língua inglesa? Se sim, quais? ”.
Permitir breve discussão.

Step 1: Contextualization (10-15 min)
Contextualize os alunos sobre:
Época: Inglaterra Vitoriana.
 A era vitoriana no Reino Unido foi o período do reinado da rainha Vitória, em meados do século XIX, de junho de 1837 a janeiro de 1901 na qual A burguesia se torna uma classe social influente e poderosa.
Autor: Charlotte Brontë
“Foi uma das grandes romancistas da Inglaterra do século XIX da época vitoriana. ”
Obra: Jane Eyre
“Uma de suas principais obras foi JANE EYRE: um romance que mostra problemas de classes da época e como a sociedade era hipócrita”.

Step 2: Reading (05-10 min)
Após contextualização prévia, peça aos alunos para lerem individualmente o trecho:

‘I dare say you are clever, though,’ continued Bessie, by way of solace. ‘What can you do? Can you play on the piano?’
‘A little.’
There was one in the room; Bessie went and opened it, and then asked me to sit down and give her a tune: I played a waltz or two, and she was charmed.
‘The Miss Reeds could not play as well!’ said she exultingly. ‘I always said you would surpass them in
learning: and can you draw?’
‘That is one of my paintings over the chimney-piece.’
It was a landscape in water colours, of which I had made a present to the superintendent, in acknowledgment of her obliging mediation with the committee on my behalf, and which she had framed and glazed.
‘Well, that is beautiful, Miss Jane! It is as fine a picture as any Miss Reed’s drawing-master could paint, let alone the young ladies themselves, who could not come near it: and have you learnt French?’
 ‘Yes, Bessie, I can both read it and speak it.’
‘And you can work on muslin and canvas?’
‘I can.’
‘Oh, you are quite a lady, Miss Jane!
Em seguida, faça uma breve compreensão do texto.

Step 3: Grammar (5-10min)
A seguir, direcione a atenção dos alunos para o modal CAN e explique brevemente o seu uso, exemplificando com trechos do texto.

Step 4: Practice (5-10min)
Afim de praticar oralmente e sinestesicamente, peça para os alunos formarem pequenos grupos no estilo de “find someone who”.

FIND SOMEONE WHO
Ask your friends if they can do these things:
“Can you…”

Yes/No
Student
Cook?


Play a musical instrument?


Paint?


Write with your left hand?


Do the laundry?


Whistle?


Play any sports?


Sing?


Ride a bike?


Swim?



Step 5: Final Discussion (5-10min)
Perguntar aos alunos quais habilidades eles observaram no texto e que são tidas como próprias de mulheres consideradas como damas. Abrir espaço para discussão: concordam com isso ou não? Quão diferente estamos daquela época para o agora? O que você pode fazer para mudar isso?

Step 6: Homework (5 min)
Como lição de casa, peça aos alunos para escrever um parágrafo curto com o tema “My abilities”, utilizando o verbo modal CAN.

BIBLIOGRIA
BRONTE, Charlotte. Jane Eyre. E-book. Planet PDF. Disponível no site:  http://www.planetpdf.com/planetpdf/pdfs/free_ebooks/Jane_Eyre_NT.pdf . Acesso em Out. 2016
FESTINO, Cielo. A Estética da Diferença e o Ensino de Literaturas de Língua Inglesa. Gragoatá. Niterói, n. 37, p. 312-330, 2. Sem. 2014
WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Charlotte Brontë. Disponível no site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Charlotte_Bront%C3%AB. Acesso em Out. 2016
WIKIPÉDIA, a Enciclopédia Livre. Era Vitoriana. Disponível no site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_vitoriana. Acesso em Out. 2016.

WIKIPÉDIA, A Enciclopédia Livre. Jane Eyre. Disponível no site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jane_Eyre. Acesso em Out. 2016

sexta-feira, 25 de março de 2016

Resenha crítica A LINGUAGEM DO CORAÇÃO (Marie Heurtin)

A Linguagem do Coração

(Marie Heurtin, 2014)




Ficha técnica
Título Original: Marie Heurtin
Gênero: Drama / Filme Bibliográfico
Duração: 1h35min
Lançamento mundial: 2014
Direção: Jean-Pierre Améris
Elenco: Isabelle Carré, Ariana Rivoire, Brigitte Catillon, Laure Duthilleu, Noémie Churlet, Patrica Legrand entre outros.
País: França

Resenha
Filme de produção francesa lançado em 2014, “A Linguagem do Coração” (título original Marie Heurtin) finalmente está em cartaz no Brasil desde o início de março de 2016. Ambientado no fim do século XIX, França, e baseado em uma história real, o filme trata de Marie Heurtin (Ariana Rivoire), uma moça que nasceu cega e surda. Vivendo em seu mundo isolado, sem conseguir se comunicar, seus pais a mandam para um convento onde crianças surdas são cuidadas. Porém, a madre superiora (Brigitte Catillon) a recusa devido à falta de condições para tratá-la. Vale lembrar que isso acontece perto de 1900 e por isso, tal condição era vista como limitação cognitiva e prova concreta de ter a inteligência afetada. Entretanto, a freira Marie Margueritte (Isabelle Carré) acaba conhecendo a moça e sente que é seu dever cuidar da jovem, libertando-a da “escuridão” através da linguagem dos sinais. Graças à insistência de Margueritte, dizendo poder cuidar de Marie e apesar de seu problema de saúde, a madre superiora acaba por permitir o acolhimento da jovem. É a partir daí que a beleza do filme se desenrola, pois, fazer com que Marie aprenda questões básicas de higiene e convívio social mostra-se uma tarefa longa, árdua e sem resultados aparentes. É interessante que outros filmes e obras trataram dessa temática anteriormente, mas o que torna esse filme especial é a atuação do elenco e direção de Jean-Pierre Améris. Com clima de produção independe e sem uma direção de arte muito elaborada, o filme ganha pela simplicidade da estética e pelo profundo sentimento artístico. Impossível não se ver chorando no final. Mas para isso acontecer, o espectador precisar entrar no clima do filme, se deixar levar pelo enredo e edição de som, que fez um ótimo trabalho em destacar os sons de tecidos, gestos e toques de tal maneira que transmite a sensação de proximidade.

Se recomendo esse filme? Não preciso nem falar. VÁ ASSISTIR.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

OS TRÊS AMORES de Castro Alves

A analise foi foi elaborado pelos alunos Diego Barros, Tatiana Blumenthal e Willian de Sousa do Curso de Licenciatura em Letras - Português/Inglês, na UNIP, Campus Vergueiro, período noturno para a disciplina Literatura Brasileira - Poesia ministrada pela Prof.ª Martha Maldonado e coordenado pela Prof.ª e Dr.ª Joana Ormundo.



TRÊS FORMAS DE AMOR
De CASTRO ALVES

Análise do poema OS TRÊS AMORES
Diego Barros, Tatiana Blumenthal e Willian Sousa


Resumo: Este trabalho/ensaio tem por objetivo analisar o poema OS TRÊS AMORES de Antônio de Castro Alves por meio de uma análise estrutural e interna, bem como os seus possíveis significados dentro do contexto histórico e movimento literário da época no qual estava inserido, escrito e publicado.
Summary: This work/assay has as objective the analysis of the poem OS TRÊS AMORES by Antônio de Castro Alves with an internal and structural view, as well as its possible meanings within the historical context and literary movement from the time, which it was inserted, written and published.


INTRODUÇÃO
Antônio Frederico de Castro Alves, popularmente conhecido apenas por Castro Alves, nasceu na vila de Nossa Senhora da Conceição de "Curralinho", hoje chamada de Castro Alves, no estado da Bahia, no dia 14 de março de 1847.
Castro Alves pertence ao condoreirismo, que é a terceira fase do romantismo. O movimento tem o social como temática principal. Os autores da época questionavam a escravidão e apoiavam a proclamação da república. Alves é o principal poeta condoreiro, razão essa por ser conhecido como o "Poeta dos Escravos". Fagundes Varela, Tobias Barreto e Luís Delfino também fazem parte do movimento. 
Rapaz belo e esbeltico, com voz possante, cheio de maneiras que deixavam as pessoas impressionadas, impondo-se à admiração dos homens e roubando amores das mulheres, fez-nos sentir em seus versos então os primeiros romances.
O poema que conhecemos hoje como O Navio Negreiro teve sua apresentação pública em 7 de setembro de 1868 pelo nome de Tragédia no mar.
Porém em São Paulo, na tarde de 11 de novembro, resolveu caçar na várzea do Brás e feriu o pé com um tiro. Daí resultou longa enfermidade, cirurgias, chegando ao Rio de Janeiro no começo de 1869, para salvar-se, mas com o sofrimento de uma amputação.
Seguiu para Curralinho em fevereiro de 1870 para melhorar a tuberculose, doença que acometia muitas pessoas na época. Voltou para Salvador em setembro e lançou Espumas flutuantes, última obra publicada em vida, pois veio a falecer um ano depois, no dia 06 de Julho de 1871, aos 24 anos.
Infelizmente, Alves morreu antes que os escravos fossem libertados, a Lei Áurea foi assinada apenas em 1888.
O Livro
Foto da Capa da primeira edição.
Espumas flutuantes (1870) é o resultado de 53 poemas reunidos e resumem todos os traços inovadores de Castro Alves. O nome do livro não comum passa uma forte idéia de transitoriedade: abatido sente que sua vida se esvai assim como as espumas no mar agitado, frente a proximidade da morte. A coletânea inclui poemas exímios, como: O livro e a AméricaAhasverus e o gênioMocidade e morteAdormecidaOde ao dois de julho, etc. A obra foi tomada pela crítica com enorme admiração e respeito, legitimando Castro Alves no cenário literário no Brasil.
O prologo


No "Prólogo", Castro Alves responde a própria pergunta "o que são na verdade estes meus cantos?":
"Como as espumas, que nascem do mar e do céu, da vaga e do vento, eles são filhos da musa - este sopro do alto; do coração - este pélado da alma. E como as espumas são, às vezes, a flora sombria da tempestade, eles por vezes rebentaram ao estalar fatídico do látego da desgraça(…)"
Os versos surgem como exímios exemplares do Romantismo, carregados de figuras de linguagem e em tom muitas vezes pomposo.
Relembra de amores, consumados ou não, desferindo o fervor que o fim da paixão com a atriz Eugênia Câmara lhe causou - uma "Immensis orbibus anguis", que: "Assim bebeu-te a vida, a mocidade e a crença / Não boca de mulher… mas de fatal serpente!…"
A seguir, apresentaremos o poema.
Os Três Amores
I
Minh’alma é como a fronte sonhadora
Do louco bardo, que Ferrara chora...
Sou Tasso!... a primavera de teus risos
De minha vida as solidões enflora...
Longe de ti eu bebo os teus perfumes,
Sigo na terra de teu passo os lumes...
- Tu és Eleonora...

II
Meu coração desmaia pensativo,
Cismando em tua rosa predileta.
Sou teu pálido amante vaporoso,
Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!...
Sonho-te às vezes virgem... seminua...
Roubo-te um casto beijo à luz da lua...
-  E tu és Julieta...

III
Na volúpia das noites andaluzas
O sangue ardente em minhas veias rola...
Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,
Vós conheceis-me os trenos na viola!
Sobre o leito do amor teu seio brilha
Eu morro, se desfaço-te a mantilha
Tu és - Júlia, a Espanhola!...

Recife, Setembro de 1866

ANALISE ESTRUTURAL
Rimas
O esquema das rimas repete-se em ABABDDB nas duas últimas estrofes, com exceção da primeira, observe:

Minh’alma é como a fronte sonhadora
Do louco bardo, que Ferrara chora...
Sou Tasso!... a primavera de teus risos
De minha vida as solidões enflora...
Longe de ti eu bebo os teus perfumes,
Sigo na terra de teu passo os lumes...
- Tu és Eleonora... 
A
B
C
A
D
D
B


Considerando a ordem que seguem as rimas no poema, podemos confundir-nos e achar que Castro Alves não seguiu uma métrica padronizada, se analisarmos apenas uma estrofe, pois esta apresenta rimas mistas. Porém ao analisar o poema por inteiro notamos que o esquema rítmico está em completa harmonia, conectando através da sonoridade uma estrofe com a outra. Ainda que as rimas A, B, C e D não sejam as mesmas em cada estrofe, a repetição da ordem em que as variações aparecem foi planejada com maestria.

Analisando o esquema rítmico, e as rimas do poema, percebemos que o autor tráz a cada septilha algumas rimas ricas e algumas pobres: podemos observar que na primeira sétima as rimas B são palavras das classes de verbo e substantivo, assim como as D. Já na segunda estrofe as rimas B são adjetivos e substantivos, enquanto as D são respectivamente adjetivo e substantivo.
Sílabas poéticas, escanção e ritmo.
Ao analisar as sílabas poéticas é possível notar que as sílabas fortes repetem-se de forma a constituir o ritmo do poema, auxiliando sua sonoridade e dando a ele um tom que remete ou relembra o balanço dos amores e paixões por ele representado. Observamos também fuga do padrão quando se trata do local onde estão entonadas as sílabas mais fortes ou acentuadas.

I
Mi- NHA ͡͡  AL- ma͡͡ é- co- mo- a- FRON- te- so- nha- DO (ra)
 1           2              3        4    5     6      7      8    9    10  11
Do- LOU- co- BAR- do,- que- fer- Ra- ra- CHO (ra)... 
  1      2       3     4       5      6      7      8    9    10      
SOU- TAS- so- a- pri- ma- VE- ra- de- teus- RI (sos)
    1      2       3   4   5     6      7    8    9    10    11
De- mi- nha- VI- da ͡͡͡  as- so- li- DÕES- en- FLO (ra)
 1    2      3      4       5      6    7     8          9    10
LON- ge- de- TI- eu- BE- bo ͡͡͡  os- teus- per- FU (mes)
  1       2    3     4    5    6       7    8     9    10    11
Si- go- na- TER- ra- de- teu- PAS- so ͡͡͡  os- LU (mes)
 1   2    3      4      5    6    7      8       9    10   
E- tu- ÉS- E- le- o- NO (ra)
 1  2    3   4  5   6   7

II
MEU- co- ra- ÇÃO- des- MA- ia- pen- sa- TI (vo)
  1       2     3      4        5    6      7    8     9    10
Cis- MAN- do ͡͡͡  em- tua- RO- sa- pre- di- LE (ta)
  1      2          3          4      5     6     7    8   9
SOU- teu- PÁ- li- do ͡͡͡  a- MAN- te- va- po- RO (so)
   1      2      3   4        5         6      7    8   9    10
Sou- TEU- Ro- MEU- teu- LÂN- gui- do- po- E (ta)
  1        2      3      4        5     6        7      8    9  10
SO- nho- te ͡͡͡  às- ve- zes- VIR- gem- se- mi- NUA
 1      2        3       4     5     6         7      8     9    10
ROU- bo- te ͡͡͡  um- CAS- to- BEI- jo- à- luz- da- LUA
   1       2       3         4       5     6    7    8   9   10    11
E- tu- ÉS- Ju- li- E (ta)
1    2    3    4  5   6

III                                
Na- vo- LÚ- pia- das- NOI- tes- an- da- LU (zas)
 1     2     3    4       5      6      7     8    9    10
O- SAN- gue͡͡͡  ar- DEN- te͡͡͡ em- mi- nhas- VEI- as- RO (la)
 1     2          3         4         5       6      7      8      9   10
SOU- D.- Ju- AN- Don- ZE- las- a- mo- RO (sas)
  1      2     3     4       5     6      7    8    9    10
VÓS- co- nhe- CEIS- me͡͡͡  os- TRE- nos- na- vi- O (la)
  1       2    3         4          5        6       7     8    9  10
So- bre͡͡͡ o- LEI- to- do͡͡͡  a- MOR- teu- SEI- o- BRI (lha)
 1        2      3    4      5       6       7       8    9   10
Eu- MOR- ro- se- des- FA- ço- te͡͡͡  a- man- TI (lha)
 1      2      3    4     5      6    7      8     9      10
Tu- ÉS- JÚ- li- a ͡͡  a- Es- pa- NHO (la)
 1     2     3   4     5      6     7      8

O padrão, e o mais comum, é que versos seguidos por oito sílabas métricas possuam entonação distribuída da seguinte maneira: E.R. 8(4-8) ou E.R. 8(2-6-8), porém podemos observar no último verso da terceira estrofe, que isto não se segue, afinal ele tem suas entonações mais fortes distribuídas em E.R. 8(2-3-8). O mesmo ocorre com o verso eneassílabo, que se contrapondo ao padrão, possui suas entonações em E.R. 9(2-5-9). Assim seguiu o poema, não deixando de fora os decassílabos, quando podemos observar o contrário no segundo verso da primeira estrofe, nos versos um, três, quatro e cinco da segunda estrofe, e em todos – exceto o último, que possui apenas oito sílabas métricas – os versos da última estrofe. Por último observamos que os hendecassílabos também fogem ao padrão, estando distribuídos como E.R. 11(2-7-11); E.R. 11(1-2-7-11); E.R. 11(1-4-6-11) e E.R. 11(1-4-6-11).

ANALISE INTERNA
Há pesquisadores que especulam o significado deste poema como exemplificação ou alusão ao amor nas três fases do romantismo. Cada estrofe em concordância com cada fase respectivamente. Entretanto, se pensarmos e observarmos o poema como todo e suas referências, tal afirmação torna-se dúbia pois, o amor no romantismo de fato foi exagerado e idealizado, mas apenas na segunda fase conhecida como ultrarromantismo. A terceira estrofe também não diz respeito ao fim do romantismo, pois esse conhecido como condoreirismo, tinha como temática as questões sociais. 
Se levarmos em consideração quando Castro Alves escreveu o poema (Recife, 1866), pode-se especular mais acertadamente que o poeta tenha o escrito para sua amada Eugenia Câmara, mesmo ano que ambos se conheceram. No poema, Castro cita três diferentes situações em que se vê com sua amada. Faz referência a três importantes obras conhecidas na literatura mundial para descrever os momentos com a atriz. Obras essas: Torquato Tarso (Opera), Romeu e Julieta e O Trapaceiro de Servilha e o convidado de Pedra. Observe:
I
Minh’alma é como a fronte sonhadora
Do louco bardo, que Ferrara chora...
Sou Tasso!... a primavera de teus risos
De minha vida as solidões enflora...
Longe de ti eu bebo os teus perfumes,
Sigo na terra de teu passo os lumes...
- Tu és Eleonora...

A primeira estrofe é referência a Torquato Tasso Opera de Gaetano Donizetti, se passa na Itália e é baseado na vida do grande poeta Torquato Tasso, sendo Ferrara a cidade onde a história principal acontece. O romance entre Tasso e Eleonora é cheio de desencontros, escândalos e, ao fim, a perda da amada.
II
Meu coração desmaia pensativo,
Cismando em tua rosa predileta.
Sou teu pálido amante vaporoso,
Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!...
Sonho-te às vezes virgem... seminua...
Roubo-te um casto beijo à luz da lua...
-  E tu és Julieta...

Nesta estrofe, a referência é à obra mundialmente famosa Romeu e Julieta de William Shakespeare. Também se passa na Itália, Verona, onde o amor impossível e proibido entre dois jovens de famílias rivais, uma paixão intensa então termina de forma trágica. Este trecho se comunica perfeitamente com o ultrarromantismo, evidenciado pelos os vocábulos “desmaia”, “pálido”, “lânguido” e “à luz da lua”, termos de escapismo, sentimentalismo e temática noturna.

III
Na volúpia das noites andaluzas
O sangue ardente em minhas veias rola...
Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,
Vós conheceis-me os trenos na viola!
Sobre o leito do amor teu seio brilha
Eu morro, se desfaço-te a mantilha
Tu és - Júlia, a Espanhola!...

A última estrofe é uma menção a obra O Trapaceio de Sevilha e o convidado de pedra de Tirso de Molina, onde o personagem principal é Don Juan: jovem atraente que seduz Julia, uma moça de família nobre da Espanha e assassina seu pai. Trata se de um amor sedutor, carnal e amaldiçoado, também com um fim dramático.
Chegamos à conclusão que Os Três Amores insinua que Castro Alves e Eugênia não tiveram um romance dos melhores pelas citações dos três personagens literários. Em todas as três obras, o amor tem um final trágico, dramático e clássico. Neste romance há de tudo: paixão, escândalos, desencontros, barreiras e ao fim a perda da amada ou maldição do amante, mas que ambos viveram intensamente cada momento.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já dito anteriormente, Castro Alves era um poeta do condoreirismo, terceira fase do romantismo. A preocupação com a métrica começava a se esvair, e características pelo qual passaram inúmeros movimentos literários neste processo de fugir às regras podem ser observadas no poema Os Três Amores, onde a métrica é seguida quase à risca, porém escorrega em alguns momentos, fugindo do padrão.
Tais “escapes” podem ser observados, por exemplo, na contagem das sílabas poéticas, que não seguem sempre o mesmo número.
Apesar de alguns pesquisadores relacionarem o poema às três fases do Romantismo, uma análise mais atenta juntamente com a consideração do contexto histórico, nos possibilitou concluir mais acertadamente que Castro Alves o dedicou à sua amada Eugenia Câmara, comparando o amor de ambos epicamente com os grandes amores clássicos e literários de outros autores mundialmente conhecidos.
São por estes motivos que tornam o talento e maestria de Castro Alves, o “Poeta dos escravos”, indubitáveis.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOLDSTEIN, Norma Seltzer. Versos, sons, ritmos. 14ª Ed. rev e atualizada. São Paulo: Ática, 2006.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43ª Ed. São Paulo. Cultrix, 2003.

ALVES, Castro. Espumas Flutuantes. [S.I]. Acervo Digital. [2000?]. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/espumas_flutuantes.pdf >. Acesso em: 27 de Maio. 2015

ROMEU e Julieta. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [S.l.]: Wikimedia Foundation, última atualização: 22 de maio. 2015. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Romeu_e_Julieta> . Acesso em: 27 de Maio, 2015.

ESPUMAS Flutuantes. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [S.l.]: Wikimedia Foundation, última atualização: 19 de março. 2014. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Espumas_Flutuantes>. Acesso em: 27 de Maio, 2015.

TORQUATO Tasso (Opera). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [S.l.]: Wikimedia Foundation, última atualização: 05 de março. 2015. Disponível em: < http://it.wikipedia.org/wiki/Torquato_Tasso_%28opera%29>. Acesso em: 27 de Maio, 2015.

DON Juan. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [S.l.]: Wikimedia Foundation, última atualização: 15 de fevereiro. 2015. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Don_Juan>. Acesso em: 27 de Maio, 2015.

CASTRO Alves. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [S.l.]: Wikimedia Foundation, última atualização: 04 de maio. 2015. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Castro_Alves >. Acesso em: 27 de Maio, 2015.